
Quando a gente acha que “o ano já acabou”, aparece uma notícia desse tamanho: a Meta anunciou em 29/12/2025 que vai adquirir a Manus, startup por trás de um agente de IA generalista (agentic AI). Os termos financeiros não foram divulgados — e isso, por si só, já diz muito sobre o valor estratégico da jogada.
O que está confirmado (sem hype)
Pelos comunicados reportados na imprensa, os pontos mais objetivos são:
A Meta disse que vai operar e vender o serviço da Manus, além de integrar a tecnologia em produtos de consumo e de negócio, incluindo o Meta AI.
A Manus é baseada em Singapura e é descrita como subsidiária da Beijing Butterfly Effect Technology, com um agente capaz de executar tarefas de pesquisa e automação com pouca orientação (a lógica do “funcionário digital”).
A Manus ganhou atenção por “provar” tarefas publicamente (inclusive no X) e por alegar performance superior ao “DeepResearch” da OpenAI (isso é alegação da empresa, não um veredito neutro).
A empresa vende o agente via assinatura para negócios e, segundo reportagens, chegou a um run rate anual de US$ 125 milhões em 2025.
Agora vem o ponto central: isso não é só “mais uma aquisição”. É a Meta dizendo, em alto e bom som, que a próxima briga não é só por chatbot — é por agentes que executam.
Por que a Meta foi atrás da Manus
Eu enxergo três motivos muito claros:
1) A guerra saiu do “responder bem” para o “fazer por você”
A OpenAI avançou com experiências de agente (pesquisa, automação, controle de ferramentas) e o Google vem acelerando com o ecossistema do Gemini. A Meta, que já tem distribuição absurda (WhatsApp/Instagram/Facebook), precisava dar um salto na camada de execução — e não só na camada de conversa.
A Manus entra justamente aí: agente que pesquisa, planeja e executa tarefas com menos “mão humana”.
2) Monetização mais direta (B2B de verdade)
Chat é ótimo, mas o dinheiro grande aparece quando o agente entra em processo: atendimento, backoffice, marketing, operações, análise, automação.
O fato de a Manus já operar assinatura para times (ex.: planos para equipes) reforça que existe um caminho de monetização mais “plugável” no mundo corporativo.
3) Distribuição + agente = efeito rede
Se a Meta acoplar um agente forte ao Meta AI e descer isso para os produtos (de consumo e negócios), ela encurta o caminho entre descoberta → conversa → ação → compra/solução. E aqui está o incômodo real para o mercado.
O que isso mexe na corrida da IA (OpenAI x Google x Meta)
Na prática, eu vejo a corrida ficando mais “três frentes”:
Modelo (LLM): quem tem o melhor cérebro (capacidade bruta).
Produto: quem entrega UX e confiança.
Distribuição: quem coloca isso no bolso de bilhões de pessoas.
A OpenAI é fortíssima em produto (ChatGPT) e em marca. O Google tem distribuição (Search/Android/Workspace) e está empurrando o Gemini com força. A Meta tem uma distribuição gigantesca em social e mensageria — e, com Manus, tenta acelerar a frente do agente que executa.
E tem um detalhe que eu não ignoro: a Manus já foi um tema geopolítico, com atenção do governo chinês e discussões sobre regulações e investimento. Isso adiciona camada de risco e, ao mesmo tempo, reforça o quanto esse tipo de tecnologia virou ativo estratégico.
O futuro próximo: “agente” vai virar feature padrão
Se eu tivesse que cravar uma frase: 2026 tende a ser o ano em que agentes deixam de ser demo e viram operação. Já venho inclusive falando sobre isso.
Isso impacta diretamente no varejo e omnichannel (meus temas do dia a dia):
Atendimento: agente resolvendo ponta a ponta (status do pedido, troca, reembolso, segunda via, contestação).
E-commerce: agente montando páginas, variações, descrições, kits, FAQs e até testes A/B com base em regras.
Marketing: agente executando rotina (briefing → criação → publicação → acompanhamento → otimização).
Operação: agente batendo pedido x estoque x logística e escalando exceção para humano.
O que muda aqui não é “IA que responde”. É IA que opera.
Estou vendo uma corrida grande dos players, correndo atrás do que a OpenAI estava na frente, o próprio Gemini recentemente lançou sua nova versã que inclusive bateu o ChatGPT e agora se torna uma plataforma MultiModal também. Acompanhe aqui o blog que o próximo conteúdo vai ser esta análise.
Alexandre Guimarães
Especialista em Inteligência Artificial e Transformação Digital
Gostou do artigo?
Entre em contato para discutir como podemos ajudar sua empresa com Inteligência Artificial e Transformação Digital.